Os cuidados com a saúde dos olhos da criança começam ao nascimento. A chave para manter a visão saudável é a realização de exames oculares de rotina e prevenir é a melhor maneira de evitar o desenvolvimento de sérios problemas com os olhos. Toda
criança deve fazer o primeiro exame oftalmológico de rotina por volta dos 6 meses de idade e novamente entre 2 e 3 anos, mesmo que não tenha queixas ou sinal de alguma anormalidade com os olhos.
O exame dos olhos de seu filho pode ser realizado em qualquer idade. Quanto antes, quanto mais cedo um problema ocular for detectado, mais fácil será o tratamento e melhor o resultado. Portanto, é importante que os pais, professores ou pessoas que tratem com crianças estejam alertas e conheçam os sinais que podem indicar algum problema ocular e, assim, providenciar pronto e adequado tratamento.
Não importa a idade de seu filho. Se ele se queixar ou você perceber qualquer um dos sinais abaixo, consulte um oftalmopediatra.
1 – Dificuldade para enxergar: a criança reclama que não consegue ver bem, queixa-se de visão borrada ou que não enxerga a lousa, franze os olhos para enxergar, ou coloca livro e objetos muito próximos dos olhos.
Atenção: as crianças não costumam se queixar que não enxergam bem. Porque mesmo enxergando mal, elas sempre enxergaram dessa maneira e pensam que é assim que deve ser. Muitas crianças se aproximam dos objetos ou franzem os olhos tentando enxergar melhor. Dessa maneira, quando existe uma queixa, ela sempre deve ser valorizada e investigada.
2 – Cansaço: queixa de cansaço quando lê, às vezes com enjoo; dificuldade com a leitura ou trabalho de perto; pula palavras ou linhas ou se perde na leitura.
Nos dias de hoje, cada vez mais, a visão é necessária e exigida tanto na escola como no dia a dia – TV, iPad, iPhone, computador etc. Se houver algum erro de refração, ou seja, grau de óculos não corrigido, o esforço para enxergar melhor pode causar algum dos sinais acima.
3 – Visão dupla: a criança informa que está vendo “dois”: “Estou vendo dois pais”, “duas mães” ou “duas televisões”.
Quando a criança se queixa que está vendo duas imagens de um mesmo, chamamos diplopia, ou seja, visão dupla. Normalmente, com os olhos alinhados forma-se uma imagem em cada olho, elas se juntam numa só no cérebro e enxergamos apenas uma em 3D. A principal causa de visão dupla em crianças é uma desordem chamada estrabismo, quando os olhos não estão alinhados e olham para direções diferentes. Nestes casos, deve-se logo procurar o oftalmopediatra.
4 – Fecha um dos olhos ou roda a cabeça: os pais percebem que para olhar, a criança pisca, ou fecha com a mão, um dos olhos; vira ou inclina a cabeça (torcicolo) quando está olhando para alguma coisa.
Às vezes, para enxergar melhor, a criança não olha reto, adotando uma postura diferente e deixando a cabeça numa posição não alinhada com o corpo – o que chamamos torcicolo ocular. A cabeça pode estar rodada para a direita ou para a esquerda, inclinada para um dos ombros ou ainda ficar com o queixo elevado ou abaixado. Na maior parte das vezes, isso acontece para evitar visão dupla. Algumas crianças fecham ou piscam um dos olhos quando estão olhando para algum lugar. Isso acontece, principalmente, nos casos de estrabismo divergente.
5 – Olhos Tortos: os olhos não ficam alinhados. Enquanto um olho fixa o outro está desviado para dentro, para fora, para cima ou para baixo.
Quando os olhos estão desalinhados, ou seja, olham para direções diferentes, denominamos estrabismo. O estrabismo causa perda da visão binocular (visão dos dois olhos juntos), perda de visão 3D e diminuição da visão de um dos olhos (ambliopia ou “olho preguiçoso”). Quanto antes o estrabismo for diagnosticado e tratado, melhor será o prognóstico.
Algumas vezes, o estrabismo pode ser o primeiro sinal de uma doença mais grave como infecção ou mesmo um tumor. Por esses motivos, a criança deve ser levada o quanto antes para a consulta oftalmológica.
6 – Aparência dos olhos: olhos irritados, vermelhos, com lacrimejamento ou com secreção (remela); pálpebras inflamadas, vermelhas, inchadas, com secreção ou com “caspinhas”; hordéolos (tersol) que se repetem, vem e vão.
Os olhos ficam irritados, inflamados ou vermelhos quando os vasos sanguíneos da conjuntiva – uma fina e transparente membrana que recobre o olho – se enchem de sangue e aumentam de tamanho. Muitas vezes essa irritação é acompanhada de vermelhidão das pálpebras e/ou secreção (remela) nos olhos. Muitas podem ser as causas dessa inflamação: infecção, alergia, irritação química – água da piscina, por exemplo -, corpo estranho – como cisco nos olhos -, necessidade de óculos ou ainda alguma doença mais grave em outra parte do olho. Se esses episódios demoram para ficar bons ou se repetem, procure seu oftalmologista.
7 – Queixas oculares: prurido (coceira) frequente, sensação de areia ou queimação nos olhos.
Coceira nos olhos é o principal sintoma de alergia. Algumas crianças queixam-se de sensação de areia ou queimação. Poluição do ar e uso abusivo de computador ou joguinhos eletrônicos também podem causar esses sintomas. O oftalmologista pode diagnosticar a causa das queixas e receitar o remédio adequado. Muitas vezes, com medidas simples, pode-se melhorar muito os sintomas e evitar que um problema trivial se complique.
8 – Aspecto das pupilas, as meninas dos olhos: pupilas de tamanhos, forma ou cor diferentes do habitual.
A luz penetra nos olhos através de uma pequena abertura, no centro da íris – parte colorida do olho -, chamada pupila. A pupila regula a quantidade de luz que entra nos olhos, assim, na claridade ela se fecha e nos ambientes mais escuros ela se dilata. Normalmente as pupilas são negras, redondas e costumam ter o mesmo tamanho em ambos os olhos. Alteração da cor da pupila pode indicar alguma doença: catarata, por exemplo, pode ver vista através da pupila com uma coloração branca e leitosa. Tumor ou infecção dentro dos olhos, embora raros, podem também deixar a “menina dos olhos” branca.
9 – Pálpebra caída: nota-se um ou os dois olhos mais fechados, a pálpebra superior mais baixa que o normal.
Quando a pálpebra superior se encontra numa posição mais baixa que o normal, ou seja, quando as pálpebras não estão tão abertas como deveriam estar, denominamos Ptose palpebral ou “pálpebra caída”. Geralmente a criança já nasce com a ptose palpebral. Nos casos de ptoses severas ou moderadas, o desenvolvimento normal da visão pode ser prejudicado e necessitar tratamento. A terapia pode envolver óculos, tampão ou cirurgia, dependendo do caso. Lembre-se que o problema pode não ser apenas estético.
10 – Dor de cabeça: Dor de cabeça – ou cefaleia – é uma das queixas mais frequentes nos consultórios médicos. Como se trata de uma queixa comum e pode ter muitas causas, é sempre aconselhável uma completa avaliação pelo pediatra para determinar sua causa. Esforço visual ou necessidade de óculos, embora possam provocar dor de cabeça, não são a principal causa de cefaleia. A dor causada pelos olhos é claramente relacionada com o seu uso e somente manifesta-se quando os olhos são usados intensamente. Ainda que a dor de cabeça seja infrequentemente provocada pelos olhos, o oftalmopediatra pode ajudar a diagnosticar doenças clínicas ou oculares, necessidade de óculos ou outras causas de cefaleia. Se a falta de óculos for comprovadamente a causa dos sintomas, eles devem ser receitados.